domingo, 1 de março de 2009

Adjetivo - Emília no pais da gramática

Entre os Adjetivos

No bairro dos ADJETIVOS O aspecto das ruas era muito diferente.

Só se viam palavras atreladas. Os meninos admiraram-se da novidade e o rinoceronte explicou:

— Os Adjetivos, coitados, não têm pernas; só podem movimentar-se atrelados aos Substantivos. Em vez de designarem seres ou coisas, como fazem os Nomes, os adjetivos designam as qualidades dos Nomes.

Nesse momento os meninos viram o Nome Homem, que saía duma casa puxando um Adjetivo pela coleira.

— Ali vai um exemplo — disse Quindim. — Aquele Substantivo entrou naquela casa para pegar o Adjetivo Magro. O meio da gente indicar que um homem é magro consiste nisso — atrelar o Adjetivo Magro ao Substantivo que indica o Homem.

— Logo, Magro é um Adjetivo que qualifica o Substantivo— disse Pedrinho — porque indica a qualidade de ser magro.

— Qualidade ou defeito? — asneirou Emília. — Para Tia Nastácia ser magro é defeito gravíssimo.

— Não burrifique tanto, Emília! — ralhou Narizinho. — Deixe o rinoceronte falar.

O armazém dos Adjetivos era bem espaçoso e algumas prateleiras recobriam as paredes. Na prateleira dos qualificativos PÁTRIOS, Narizinho encontrou muitos conhecidos seus, entre os quais Brasileiro, Inglês, Chinês, Paulista, Polaco, Italiano, Francês e Lisboeta, que só eram atrelados a seres ou coisas do Brasil, da Inglaterra, da China, de São Paulo, da Polônia, da Itália, da França e de Lisboa.

Havia ali muito poucos Adjetivos daquela espécie. Mas as prateleiras dos que não eram Pátrios estavam atopetadinhas. Os meninos viram lá centenas, porque todas as coisas possuem qualidades e é preciso um qualificativo para cada qualidade das coisas. Viram lá Seguro, Rápido, Branco, Belo, Mole, Macio, Áspero, Gostoso, Implicante, Bonito, Amável, etc. — todos os que existem.

— E na sala vizinha? — perguntou o menino.

— Lá estão guardadas as LOCUÇÕES ADJETIVAS.

— O que são essas Senhoras Locuções? — perguntou Emília.

— São expressões que equivalem a um adjetivo e são empregadas no lugar deles. Por exemplo, quando digo: O calor da tarde aborrece o Visconde, estou usando a Locução Da tarde em lugar do Adjetivo Vespertino; ou quando digo Presente de Rei, em lugar de Presente Rêgio.

Aquele Presente Régio agradou Emília, que ficou pensativa.

O movimento no bairro dos Adjetivos mostrava-se intenso.

Milhares de Nomes entravam constantemente para retirar das prateleiras os Adjetivos de que precisavam — e lá se iam com eles na trela.

Outros vinham repor nos seus lugares os Adjetivos de que não necessitavam mais.

— As palavras não param — observou Quindim. — Tanto os homens como as mulheres (e sobretudo estas) passam a vida a falar, de modo que a trabalheira que os humanos dão às palavras é enorme.

Nesse momento uma palavra passou por ali muito alvoroçada.

Quindim indicou-a com o chifre, dizendo:

— Reparem na talzinha. É o Substantivo Maria, que vem em busca de Adjetivos. Com certeza trata-se de algum namorado que está a escrever uma carta de amor a alguma Maria e necessita de bons Adjetivos para melhor lhe conquistar o coração.

A palavra Maria achegou-se a uma prateleira e sacou fora o Adjetivo Bela; olhou-o bem e, como se o não achasse bastante, puxou fora a palavra Mais; e por fim puxou fora o Adjetivo Belíssima.

— A palavra Mais forma o Comparativo, com o qual o namorado diz que essa Maria é Mais Bela do que tal outra; e com o Adjetivo Belíssima ele dirá que Maria é extraordinariamente bela. E desse modo, para fazer uma cortesia à sua namorada, ele usa os dois GRAUS DO ADJETIVO. Partindo da forma normal que é a palavra Bela, usa o GRAU COMPARATIVO, com a expressão Mais Bela, e usa o GRAU SUPERLATIVO, com a palavra Belíssima.

— Mas nem sempre é assim — observou Emília. — Lá no sítio, quando eu digo Mais Grande, Dona Benta grita logo: "Mais grande é cavalo".

— E tem razão — concordou o rinoceronte —, porque alguns Adjetivos, como Bom, Mau, Grande e Pequeno, saem da regra e dão-se ao luxo de ter formas especiais para exprimir o Comparativo. Bom usa a forma Melhor. Mau usa a forma Pior. Grande usa a forma Maior, e Pequeno usa a forma Menor. O resto segue a regra.

— E para que serve o SUPERLATIVO?

— Para exagerar as qualidades do Adjetivo. Forma-se principalmente com um íssimo ou com um Érrimo no fim da palavra, como Feliz, Felicíssimo; Salubre, Salubérrimo. Ou então usa o O Mais, como O Mais Feliz.

— E se quiser exagerar para menos? — indagou Pedrinho.

— Nesse caso usa a expressão O Menos Feliz...

— Sim — murmurou Emília distraidamente, com os olhos postos no Visconde, que continuava calado e apreensivo como quem está incubando uma idéia. — O Sonsíssimo Visconde, ou O Mais Sonso de todos os sabugos científicos.. .

De fato, o Visconde estava preparando alguma. Deu de ficar tão distraído, que até começou a atrapalhar o trânsito. Tropeçou em várias palavras, pisou no pé de um Superlativo e chutou um O maiúsculo, certo de que era uma bolinha de futebol.

Que seria que tanto preocupava o Senhor Visconde?

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Sociologia para o Ensino Médio


Tema: O ESTUDO DA SOCIEDADE HUMANA
Período: 26/01 a 27/02/2009
1. De que se ocupam as Ciências Sociais
As Ciências Sociais pesquisam e estudam o comportamento social humano e suas várias formas de organização. Abarca desde o entendimento dos fatos sociais à elaboração e implantação de projetos e estudos de políticas governamentais.
2. Objeto e objetivo das Ciências Sociais
* O objeto das Ciências Sociais é o ser humano e suas relações sociais.
* O objetivo é ampliar o conhecimento sobre o ser humano em suas interações sociais.
3. Divisão das Ciências Sociais
* Sociologia
Estuda os grupos sociais
Estuda os fatos sociais
Estuda a divisão da sociedade em camadas
Estuda a mobilidade social
Estuda os processos de cooperação, competição e conflito na sociedade.
Outros
* Economia
Estuda os fenômenos ligados à produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços.
Estuda a distribuição da renda num país
Estuda a política salarial
Estuda a produtividade empresarial
Outros
* Antropologia
Estuda as semelhanças e diferenças culturais
Estuda a origem e a evolução das culturas
Estuda a diversidade cultural nas sociedades industriais
Estuda os tipos de organizações (família, religião, magia, casamento, etc.)
*Política
Estuda a distribuição de poder na sociedade
Estuda a formação e o desenvolvimento das diversas formas de governo
Estuda os partidos políticos
Estuda os mecanismos eleitorais
Outros
4. História das Ciências Sociais
Mitologia. Procuravam compreender o fenômeno das forças sociais pela imaginação, fantasia, especulação. Os deuses protegiam a sociedade e proclamava a justiça;
Religião e filosofia. Propunham normas para a sociedade procurando melhora-las segundo seus princípios.
“A nova Ciência”. Após a afirmação de Rousseau de que “o homem nasce puro, a sociedade é que o corrompe”, Freud considera que o homem também influencia o meio conforme seus instintos, que não são tão puros assim.
5. O surgimento da Sociologia.
Foi Durkheim quem formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias.
Fatos sociais. São padrões de comportamento de um grupo social, possuindo as seguintes características:
Generalidade – o fato é comum a todos os membros do grupo
Exterioridade – o fato existe independentemente da vontade do indivíduo
Coercitividade – os indivíduos se sentem obrigados ao comportamento estabelecido
6. Os novos desafios para a Sociologia.
Exigência de uma análise científica de todos os aspectos da vida em sociedade, para entender o presente e projetar o futuro.
A ruptura de normas sociais
Desagregação familiar
Cidadania
Minorias
Violência
7. O que interessa aos sociólogos.
Saber porque os grupos como a família, a tribo ou a nação sobrevive através dos tempos até mesmo durante as guerras ou revoluções.
Porquê um soldado deve lutar e enfrentar a morte, quando poderia esconder-se ou fugir.
Porquê o homem se casa e assume responsabilidades de família quando poderia satisfazer-se fora do casamento...
Que efeitos produzem a vida em grupo sobre o comportamento dos membros do grupo...
8. A objetividade da Sociologia e seus conceitos básicos.
Aumentar o conhecimento que o ser humano tem de si mesmo e da sociedade
Contribuir para a solução de problemas sociais.

Marcha de Quarta-feira de Cinzas

Acabou nosso carnaval

Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou.

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri, se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor.

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade...

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir, voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar.

Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe...

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz.

(Vinicius de Morais)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Ensino Médio 2º Ano

3. REDAÇÃO

1º Bimestre

3.1. Formas de redigir

3.1.1. descrição

3.1.2. narração

3.1.3. dissertação

3.2. Estrutura textual

3.2.1. O parágrafo

3.2.2. Coesão textual

3.2.3. Leitura: interpretação e análise

3.2.4. Compreensão do conteúdo

3.2.5. Reconhecimento da estrutura

3.2.6. Gêneros textuais

3.3. Texto Informativo

3.3.1. Notícia

3.3.2. Reportagem

3.3.3. Entrevista

3.3.4. Exercícios – O cartaz

3.3.5. Mesa Redonda

Ensino Médio 2º Ano

1º Bimestre

2.1. Romantismo

2.1.1. Linguagem do Romantismo

2.1.2. Contextualização histórica

2.1.3. Principais Características

2.2. A poesia romântica

2.2.1. Contextualização histórica

2.2.2. Principais Características

2.2.3. Principais representantes e obras

2.3. Romantismo em Portugal

2.3.1. Principais representantes e obras

2.3.1.1. Primeira geração romântica

2.3.1.2. Almeida Garret

2.3.2. Segunda geração romântica

2.3.3.1. Camilo Castelo Branco

Ensino Médio 2º Ano

1. MORFOLOGIA

1º Bimestre

1.1. O Sintagma nominal

1.2. Forma e Função: morfologia

1.3. Classes gramaticais

1.4. Categorias variáveis

1.4.1. Substantivo

1.4.1.1. Conceito e classificação

1.4.1.2. Flexão: gênero, número, grau

1.4.1.3. Morfossintaxe

1.4.2. Adjetivo

1.4.2.1. Conceito

1.4.2.2. Locução adjetiva

1.4.2.3. Adjetivos pátrios

1.4.2.4. Flexão: gênero, número, grau

1.4.2.5. Morfossintaxe

1.4.3. Artigo

1.4.3.1. Conceito

1.4.3.2. Propriedades e emprego

1.4.3.3. Morfossintaxe

1.4.4. Numeral

1.4.4.1. Conceito

1.4.4.2. Classificação: numerais adjetivos e substantivos

1.4.4.3. Flexão de grau

1.4.4.4. Emprego e leitura

1.4.4.5. Morfossintaxe

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ensino Médio 1º Ano

III. Estudo, leitura e produção de texto

1º Bimestre

3.1. Pensar, ler e escrever...

3.1.1. A palavra escrita, a palavra falada

3.1.2. Texto: Conceito

3.2. Estilo

3.2.1. Recursos estilísticos

3.3. Leitura

3.3.1. Liberação da linguagem

3.3.2. A fábula

3.4. Texto literário e texto não-literário

3.4.1. Conceitos

3.4.2. Características

3.4.3. Quadro sinóptico

3.4.4. O Poema

3.5. Variação lingüística

3.5.1. Ao nível de sons

3.5.2. No nível de morfologia

3.5.3. Em nível de sintaxe

3.5.4. Ao nível de léxico

3.5.5. Variantes diatópicas (regionais)

3.5.6. Variantes diastráticas (grupos sociais)

3.5.7. Variantes diafásicas (situações de comunicação – formal/informal)

3.5.8. Variantes diacrônicas (época)

3.5.9. Texto teatral escrito

Ensino Médio 1º Ano

II. ESTUDO DE LITERATURA

1º Bimestre

2.1. Literatura: A arte da palavra

2.1.1. O que é literatura?

2.1.2. Arte literária

2.1.3. Funções da literatura

2.2. O texto literário e o texto não-literário

2.2.1. Os gêneros literários

2.2.2. Função poética da linguagem

2.2.3. Foco narrativo

2.2.4. Texto poético

2.2.5. Noções de versificação e de escansão

2.3. Gêneros literários

2.3.1. Gênero lírico

2.3.2. Gênero épico

2.3.3. Gênero dramático

2.3.4. Gênero narrativo

Ensino Médio 1º Ano

I. Estudo de Gramática

1. FONOLOGIA

1º Bimestre

1.1. Comunicação – a linguagem

1.1.1. Linguagem, língua, fala...

1.1.2. O código

1.1.3. A língua

1.1.4. Leituras

1.2. A escrita

1.2.1. Ideograma, logograma

1.2.2. Fonemas e letras

1.2.3. O alfabeto e outros sistemas de escrita

1.2.4. Dígrafo e dífono

1.2.5. Classificação dos fonemas

1.3. Sílabas

1.3.1. Encontros vocálicos

1.3.2. Encontros consonantais

1.3.3. Ortoepia e prosodia

1.4. Ortografia

1.4.1. Divisão silábica

1.4.2. Parônimos e homônimos

1.4.3. Homófonos e homógrafos

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Comunicação - fala e escrita

De aorcdo com uma peqsiusade uma uinrvesriddae ignlsea,não ipomtra em qaul odrem asLteras de uma plravaa etãso,a úncia csioa iprotmatne é quea piremria e útmlia Lteras etejasmno 19aur crteo. O rseto ·.1 pdoe seruma bçguana ttaol, que vcoêanida pdoe ler sem pobrlmea.Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera lsladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.Sohw de bloa.

Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3NO T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO N0554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R COl545 IMPR35510N4ANT35! R3P4R3 N1550! NO COM3ÇO 35T4V4 M3IO COMPLIC4DO, M45 N3ST4 LINH4 SU4 M3NT3 V41 D3CIFR4NDO O CÓDIGO QU453 4UTOM4TJC4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULH050 DI550 SU4 C4P4CID4D3... M3R3C3 P4R4BEN5!


3M UM D14 D3 V3R40, 3574V4 N4 PR414, 0853RV4ND0 DU45 CR14NÇ45 8R1NC4ND0 N4 4R314.3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0UM C4573L0 D3 4R314, COM 7ORR35, P4554REL45 3 P455AG3N5 1N73RN45. QU4ND0 3574V4M QU453 4C484ND0, V310 UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0, R3DU21ND0 0 C4573L0 4 UM M0N73 D3 4R314 3 35PUM4. 4CH31 QU3, D3P015 D3 74N70 35F0RÇ0 3 CU1D4D0, 45 CR14NÇ4S C4IR14M N0 CH0R0, C0RR3R14M P3L4 PR414! FUG1ND0 D4 4GU4, R1ND0 D3 M405 D4D45 3 C0M3Ç4R4M 4 C0N57R1R 0U7R0 C4573L0. C0NPR33ND1 QU3 H4V14 4PR3ND1D0 UM4 GR4ND3 L1Ç40: G4574M05 MU170 73MP0 D4 N0554 V1D4 C0N57RU1NDO 4LGUM4 C0154 3 M415 C3D0 0U M415 74RD3, UM4 0ND4 P0D3R4 V1R 3 D357RU1R 7UD0 0 QU3 L3V4M05 74N70 73MP0 P4R4 C0N57RU1R. M45 QU4ND0 1550 4C0N73C3R 50M3N73 4QU3L3 QU3 73M 45 M405 D3 4LGU3M P4R4 53GUR4R, 53R4 C4P42 D3 50RR1R!!! 50 0 QU3 P3RM4N3C3 3 4 4M124D3, 0 4M0R 3 C4R1NH0. 0 R3570 3 F3I70 4R314...!!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Oração da Serenidade



Deus,


dai-me a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso mudar,

coragem para mudar as coisas que eu possa,

sabedoria para que eu saiba a diferença:

vivendo um dia a cada vez,

aproveitando um momento de cada vez;

aceitando as dificuldades como um caminho para a paz;

indagando como se todos fizessem como eu ou não, como teria sido feito;

aceitando que Você tornaria tudo correto
se eu me submetesse à sua vontade
para que eu fosse razoavelmente feliz
nesta vida e extremamente feliz com você
para sempre no futuro.


Amém.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Você é um professor digital?????



Hoje concluimos a primeira etapa do curso PROINFO INTEGRADO - Introdução à Educação Digital, de tudo restou-me a esperança de que possamos fazer melhor a cada dia o nosso ofício e que o esforço e constância são elementos indispensáveis para se lograr êxito.

Gratidão ao bem recebido, eis um grande imperativo!

À equipe que se dispôs a viagens e entregar-nos um pouco mais do conhecimento que vem adquirindo, o meu carinho. Que sejamos, pois, sempre parceiras no "atletismo" da formação continuada, é meu anelo.

As “habilidades” que listarei a seguir podem ser discutiveis e em número limitado. Arrisco-me, no entanto, a afirmar que quantas mais forem as habilidades possuidas, mais perto se chegará do perfil de um professor digital. Vejamos:

1. Possuir um endereço de e-mail e utilizá-lo pelo menos dua vezes por semana (o ideal seria fazê-lo diariamente);

2. Possuir um blog, um site ou uma página autalizável na Internet onde regularmente se produz, socializa e se confronta seu conhecimento com outras pessoa;

3. Participar ativamente de um ou mais “grupos de discussão”, fórum ou comunidade virtual ligada à sua atividade educacional;

4. Possuir algm programa de troca de mensagens on-line, como MSN, com, no mínimo dois colegas de profissão em sua “lista de contatos” e usá-lo para fins profissionais elo menos uma vez por semana, em média;

5. Assinar algum periódico on-line (mesmo que gratuito) sobre notícias e novidades relacionadas à educação ou à sua disciplina específica, e lê-lo regularmente;

6. Preparar rotineiramente provas, resumos, tabelas, roteiros e materiais didáticos diversos, usando um processador de textos (como o Word, por exemplo), uma planilha eletrônica (como o Excel) ou um programa de apresentações multimídia (como o PowerPoint);

7. Fazer pesquisa na Internet regularmente com vistas à preparação de suas aulas (no mínimo) e, preferencialmente, manter um banco de dados de sites úteis para sua disciplina e para a educação em geral. Melhor ainda seria compartilhar esse banco de dados com colegas e alunos;

8. Preparar pelo menos uma aula por bimestre sobre um tema de sua disciplina onde os alunos usarão os computadores e a Sala de Informática de forma produtiva e não apenas para “matar o tempo”;

9. Manter contato com o computador por, pelo menos, uma hora diária, em média;

10. Manter-se atento para as novas possibilidades de uso pedagógico das novas tecnologias que surgem continuamente e tentar implementar novas metodologias em suas aulas.
Note que na lista acima não foi incluída em nenhum item a necessidade de se “possuir um computador”, porque de fato não é preciso possuir algum para ser um professor dgital, ou mesmo para incluir-se digitalmente. No entanto, muitos professores que conheço possuem computadores e acesso à Internet, mas não chegam a ter nem três das dez habilidades.

As habilidades acima envolvem o “fazer”, o agir, a inclusão efetiva do professor no mundo digital. Nenhuma oficina de capacitação ou curso de computação, por si só, traz nenhuma das habilidades acima, pois todas elas demandam o “uso regular do computador e da Internet”.

Aproveite e faça você mesmo o teste para medir o quanto você se enquadra no perfil do professor digital. Some um ponto para cada item dessa lista que se aplicar a você. Caso você some mais de cinco pontos, já pode se considerar como parte da vanguarda dos professores digitais.
*José Carlos Antonio

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Roberto Shinyashiki - 'Cuidado com os burros motivados'


A revista ISTO É publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.
'Cuidado com os burros motivados'

Em 'Heróis de Verdade', o escritor combate a supervalorização das aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.
ISTO É - Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe.
O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu à pena, porque não conseguiu ter o carro, nem a casa maravilhosa.
Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa, possa se orgulhar da mãe.
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes.
Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitiram que erraram.
ISTO É -- O Sr. citaria exemplos?
Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito '100% Jardim Irene'. É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como o Japão, a Suécia e a Noruega, há mais suicídio do que homicídio.
Por que tanta gente se mata?
Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher, que embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego, que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
ISTO É -- Qual o resultado disso?
Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoce. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro, é ela poder ser criança.
Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.
ISTO É - Por quê?
Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
ISTO É -- Há um script estabelecido?
Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa 'O Aprendiz'
- Qual é seu defeito?
Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: - Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar.
É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder.
O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: 'Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir'. Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor!
ISTO É -- Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência.
Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função, para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso, para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
ISTO É -- Está sobrando auto-estima?
Shinyashiki -- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa.
Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser, nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parecem que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil, que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.
ISTO É -- Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki -- Isso vem do vazio que sentimos.
A gente continua valorizando os heróis.
Quem vai salvar o Brasil? O Lula.
Quem vai salvar o time? O técnico.
Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada!
Tive um professor de filosofia que dizia: 'Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham'. Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo.
A gente tem de parar de procurar super-heróis, porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.
ISTO É -- O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki -- Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula, em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
ISTO É -- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki -- Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente.
Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que, ou eu a amo do jeito que ela é, ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse.
Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros.
Dia desses apostei na edição de um livro, que não deu certo.
Um amigão me perguntou: 'Quem decidiu publicar esse livro?' Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.
ISTO É - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki -- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las.
São três fraquezas: A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança.
Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram.
Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.
O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
ISTO É -- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki -- A sociedade quer definir o que é certo.
São quatro loucuras da sociedade..
A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se eles não tivessem significados individuais.
A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias.
A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo.
Jeito certo não existe.
Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz, enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema..
Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais.
Todos os dias morriam nove ou dez pacientes.
Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte.
A maior parte pega o médico pela camisa e diz: 'Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei à vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz'.
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

O Executivo

Esta é a fábula de um alto executivo que, estressado, foi ao psiquiatra. Relatou ao médico o seu caso. O psiquiatra, logo diagnosticou:

- O Sr. precisa se afastar por duas semanas da sua atividade profissional. O conveniente é que vá para o interior, se isole do dia-a-dia e busque algumas atividades que o relaxem. Então o nosso executivo procurou seguir as orientações...

Munido de vários livros, CDs e laptop, mas sem o celular, partiu para a fazenda de um amigo.

Passados os dois primeiros dias, o nosso executivo já havia lido dois livros e ouvido quase todos os CDs.

Continuava inquieto. Pensou então que alguma atividade física seria um bom antídoto para a ansiedade que ainda o dominava.

Chamou o administrador da fazenda e pediu para fazer algo. O administrador ficou pensativo e viu uma montanha de esterco que havia acabado de chegar.

Disse ao nosso executivo:

- O Senhor pode ir espalhando aquele esterco em toda aquela área que será preparada para o cultivo.

O administrador pensou consigo: "Ele deverá gastar uma semana com essa tarefa". Ledo engano.

No dia seguinte o nosso executivo já tinha distribuído o esterco por toda a área.

O administrador então lhe deu a seguinte tarefa, abater 500 galinhas com uma faca.

Essa foi fácil em menos de 3 horas já estavam todas prontas para serem depenadas. Pediu logo uma nova tarefa.

O administrador então lhe disse:

- Estamos iniciando a colheita de laranjas.

O Senhor vá ao laranjal levando três cestos para distribuir as laranjas por tamanho. Pequenas, médias e grandes.

No fim daquele primeiro dia o nosso executivo não retornou. Preocupado, o administrador se dirigiu ao laranjal.

Viram o nosso executivo com uma laranja na mão, os cestos totalmente vazios, falando sozinho:

- Esta é grande. Não, é média. Ou será pequena???

- Esta é pequena. Não, é grande. Ou será média???

- Esta é média. Não, é pequena. Ou será grande???

Moral da história:

Espalhar merda e cortar cabeças é fácil. O difícil é tomar decisões.

sábado, 31 de janeiro de 2009

A oração que eu esqueci

"Andando pelas ruas de São Paulo há três semanas, recebi de um amigo - Edinho - um panfleto chamado “Instante Sagrado”. Impresso a quatro cores, em excelente papel, ele não identificava nenhuma igreja ou o culto, apenas trazia uma oração no seu verso.

Qual foi minha surpresa ao ver que quem assinava esta oração era - EU! Ela havia sido publicada no início da década de 80, na contra-capa de um livro de poesia. Não pensei que resistisse ao tempo, nem que pudesse retornar as minhas mãos de maneira tão misteriosa; mas, quando a reli, não me envergonhei do que havia escrito.

Já que estava naquele panfleto, e já que acredito em sinais, achei oportuno reproduzi-la aqui. Espero estimular cada leitor a escrever sua própria prece, pedindo para si e para os outros aquilo que julga mais importante. Desta maneira, colocamos uma vibração positiva em nosso coração, e ela há de contagiar tudo que nos cerca.

Eis a oração:"

Senhor,

protegei as nossas dúvidas, porque a Dúvida é uma maneira de rezar. É ela que nos fazem crescer, porque nos obriga a olhar sem medo para as muitas respostas de uma mesma pergunta.

E para que isto seja possível,

Senhor,

protegei as nossas decisões, porque a Decisão é uma maneira de rezar.

Dai-nos coragem para, depois da dúvida, sermos capazes de escolher entre um caminho e o outro.

Que o nosso SIM seja sempre um SIM, e o nosso NÃO seja sempre um NÃO.

Que uma vez escolhido o caminho, jamais olhemos para trás, nem deixemos que nossa alma seja roída pelo remorso.

E para que isto seja possível,

Senhor,

protegei as nossas ações, porque a Ação é uma maneira de rezar.

Fazei com que o pão nosso de cada dia seja fruto do melhor que levamos dentro de nós mesmos.

Que possamos, através do trabalho e da Ação, compartilhar um pouco do amor que recebemos.

E para que isto seja possível,

Senhor,

protegei os nossos sonhos, porque o Sonho é uma maneira de rezar.

Fazei com que, independente de nossa idade ou de nossa circunstância, sejamos capazes de manter acesa no coração a chama sagrada da esperança e da perseverança.

E para que isto seja possível,

Senhor,

dai-nos sempre entusiasmo, porque o Entusiasmo é uma maneira de rezar.

É ele que nos liga aos Céus e a Terra, aos homens e as crianças, e nos diz que o desejo é importante, e merece o nosso esforço. É ele que nos afirma que tudo é possível, desde que estejamos totalmente comprometidos com o que fazermos.

E para que isto seja possível,

Senhor,

protegei-nos, porque a Vida é a única maneira que temos para manifestar o Teu milagre.

Que a terra continue transformando a semente em trigo, que nós continuemos transmutando o trigo em pão.

E isto só é possível se tivermos Amor - portanto, nunca nos deixe em solidão.

Dai-nos sempre a tua companhia, e a companhia de homens e mulheres que tem dúvidas, agem, sonham, se entusiasmam, e vivem como se cada dia fosse totalmente dedicada a Tua glória.

Amem.

fonte: Coluna Paulo Coelho
http://colunas.g1.com.br/paulocoelho/2007/01/24/a-oracao-que-eu-esqueci/, acesso em 31/jan

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Quando a escola é de vidro


Ruth Rocha

Naquele tempo eu até que achava natural que as coisas fossem daquele jeito.
Eu nem desconfiava que existissem lugares muito diferentes...
Eu ia pra escola todos os dias de manhã e quando chagava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro.
É, no vidro!
Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não!
O vidro dependia da classe em que a gente estudava.
Se você estava no primeiro ano ganhava um vidro de um tamanho.
Se você fosse do segundo ano seu vidro era um pouquinho maior.
E assim, os vidros iam crescendo á medida em que você ia passando de ano.
Se não passasse de ano era um horror.
Você tinha que usar o mesmo vidro do ano passado.
Coubesse ou não coubesse.
Aliás nunca ninguém se preocupou em saber se a gente cabia nos vidros.
E pra falar a verdade, ninguém cabia direito.
Uns eram muito gordos, outros eram muito grandes, uns eram pequenos e ficavam afundados no vidro, nem assim era confortável.
Os muitos altos de repente se esticavam e as tampas dos vidros saltavam longe, ás vezes até batiam no professor.
Ele ficava louco da vida e atarrachava a tampa com força, que era pra não sair mais.
A gente não escutava direito o que os professores diziam, os professores não entendiam o que a gente falava...
As meninas ganhavam uns vidros menores que os meninos.
Ninguém queria saber se elas estavam crescendo depressa, se não cabia nos vidros, se respiravam direito...
A gente só podia respirar direito na hora do recreio ou na aula de educação física.
Mas aí a gente já estava desesperado, de tanto ficar preso e começava a correr, a gritar, a bater uns nos outros.
As meninas, coitadas, nem tiravam os vidros no recreio. e na aula de educação física elas ficavam atrapalhadas, não estavam acostumadas a ficarem livres, não tinha jeito nenhum para Educação Física.
Dizem, nem sei se é verdade, que muitas meninas usavam vidros até em casa.
E alguns meninos também.
Estes eram os mais tristes de todos.Nunca sabiam inventar brincadeiras, não davam risada á toa, uma tristeza!
Se agente reclamava?Alguns reclamavam.
E então os grandes diziam que sempre tinha sido assim; ia ser assim o resto da vida.
Uma professora, que eu tinha, dizia que ela sempre tinha usado vidro, até pra dormir, por isso que ela tinha boa postura.
Uma vez um colega meu disse pra professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer a vontade.
Então a professora respondeu que era mentira, que isso era conversa de comunistas.
Ou até coisa pior...
Tinha menino que tinha até de sair da escola porque não havia jeito de se acomodar nos vidros.
E tinha uns que mesmo quando saíam dos vidros ficavam do mesmo jeitinho, meio encolhidos, como se estivessem tão acostumados que até estranhavam sair dos vidros.
Mas uma vez, veio para minha escola um menino, que parece que era favelado, carente, essas coisas que as pessoas dizem pra não dizer que é pobre.Aí não tinha vidro pra botar esse menino.
Então os professores acharam que não fazia mal não, já que ele não pagava a escola mesmo...
Então o Firuli, ele se chamava Firuli, começou a assistir as aulas sem estar dentro do vidro.
O engraçado é que o Firuli desenhava melhor que qualquer um, o Firuli respondia perguntas mais depressa que os outros, o Firuli era muito mais engraçado...
E os professores não gostavam nada disso...
Afinal, o Firuli podia ser um mal exemplo pra nós...
E nós morríamos de inveja dele, que ficava no bem-bom, de perna esticada, quando queria ele espreguiçava, e até mesmo que gozava a cara da gente que vivia preso.
Então um dia um menino da minha classe falou que também não ia entrar no vidro.
Dona Demência ficou furiosa, deu um coque nele e ele acabou tendo que se meter no vidro, como qualquer um.
Mas no dia seguinte duas meninas resolveram que não iam entrar no vidro também:
- Se o Firuli pode por que é que nós não podemos?
Mas Dona Demência não era sopa.
Deu um coque em cada uma, e lá se foram elas, cada uma pro seu vidro...
Já no outro dia a coisa tinha engrossado.
Já tinha oito meninos que não queriam saber de entrar nos vidros.
Dona Demência perdeu a paciência e mandou chamar seu Hermenegildo que era o diretor lá da escola.
Seu Hermenegildo chegou muito desconfiado:
- Aposto que essa rebelião foi fomentada pelo Firuli. É um perigo esse tipo de gente aqui na escola. Um perigo!
A gente não sabia o que é que queria dizer fomentada, mas entendeu muito bem que ele estava falando mal do Firuli.
E seu Hermenegildo não conversou mais. Começou a pegar as meninos um por um e enfiar á força dentro dos vidros.
Mas nós estávamos loucos para sair também, e pra cada um que ele conseguia enfiar dentro do vidro - já tinha dois fora.
E todo mundo começou a correr do seu Hermenegildo, que era pra ele não pegar a gente, e na correria começamos a derrubar os vidros.
E quebramos um vidro, depois quebramos outro e outro mais dona Demência já estava na janela gritando - SOCORRO! VÂNDALOS! BÀRBAROS!(pra ela bárbaro era xingação).
Chamem o Bombeiro, o exército da Salvação, a Polícia Feminina...
Os professores das outras classes mandaram cada um, um aluno para ver o que estava acontecendo.
E quando os alunos voltaram e contaram a farra que estava na 6° série todo mundo ficou assanhado e começou a sair dos vidros.
Na pressa de sair começaram a esbarrar uns nos outros e os vidros começaram a cair e a quebrar.
Foi um custo botar ordem na escola e o diretor achou melhor mandar todo mundo pra casa, que era pra pensar num castigo bem grande, pro dia seguinte.
Então eles descobriram que a maior parte dos vidros estava quebrada e que ia ficar muito caro comprar aquela vidraria tudo de novo.
Então diante disso seu Hermenegildo pensou um pocadinho, e começou a contar pra todo mundo que em outros lugares tinha umas escolas que não usavam vidro nem nada, e que dava bem certo, as crianças gostavam muito mais.
E que de agora em diante ia ser assim: nada de vidro, cada um podia se esticar um bocadinho, não precisava ficar duro nem nada, e que a escola agora ia se chamar Escola Experimental.
Dona Demência, que apesar do nome não era louca nem nada, ainda disse timidamente:
- Mas seu Hermenegildo, Escola Experimental não é bem isso...
Seu Hermenegildo não se pertubou:- Não tem importância. Agente começa experimentando isso. Depois a gente experimenta outras coisas...
E foi assim que na minha terra começaram a aparecer as Escolas Experimentais.
Depois aconteceram muitas coisas, que um dia eu ainda vou contar...

"...Importante na escola não é só estudar, não só trabalhar, é criar laços de camaradagem!
imagem: pesquisa Google

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

RECEITA DE ANO NOVO


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade