sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Exemplos de cacofonia


“O meu nome é Passos Dias Aguiar Mota.” ou “Jamais chamaria ao meu filho Adolfo Dias.”

Ele  tem pretensões acerca dela

"Não pense nunca nisso" = Não pense num caniço.

"Já que tinha resolvido” = jaquetinha.



"Fábio Conceição pediu a bola e Cafu deu".  (Narração de jogo do Brasil na Coréia).

"chuta Neneca, gol!" (Idem)

 "Amasse sal e alho no aparelho de socar alho". (parte de receita de uma apresentadora de TV)

Lá, onde abunda a pita,

E a doce flor no cume cheira. (trecho de um antigo poema)

Outras frases cacofônicas:

"Lagartos do cume saiam".

"Entrega-se uma laranja por cada".

"Vamos já, que a pressa em mim abunda".
  

Em linguagem caipira:

"Topei dano nela com a vara de tocá gado".

"Tê... tinha, acabô-se tudo; só se fô desse".

"Deixa eu i-me já, que já tá pingano".
E você, já pagou algum mico por causa alguma palavra desse tipo que abunda na sua língua?


Outras frases citadas:
- Fui à casa do meu avô que dá os fundos para o bar. (a casa ou o avô?)
- Vou-me já. (mijá)
- Muito obrigado pelas honras que me já dão. (mijadão)
- Nenhum segurança havia dado. (segurança aviadado)
- Governo confisca gado de fazendas. (confiscagado)
- Usei um pilão de socar alho. (só caralho)
- Olha essa fada. (é safada) 

A caca da cacofonia

O trema foi abolido.

"Tremei, pais de família!" (como dizia Castro Alves).

Os donos do mundo, dos países, municípios, quintas e cercanias, formam a Nomenklatura. Que manda no mundo. Generais pensam mandar no exército. Quem manda é a Nomenklatura do exército. Ministérios pensam ministeriar, quem ministeria é a Nomenklatura. Escritores, jornalistas e assemelhados pensam que escrevem o que querem. Quem escreve é a Nomenklatura.

Não é à toa que Nomenklatura é palavra russa. Quer dizer, isso no pequeno período comunista. Mas antes, lá mesmo, na Rússia, você já tinha lido Gogol. Está lá todo o horror burocrático da Visita do Inspetor.

Penso e repenso. Pode ser que se me tenha escapado. Mas, pra implantar essa estúrdia (!) hifeniano-desacentada reforma, houve um plebiscito? Alguém te ouviu, grande escritor? Alguém te consultou, dedicado professor? Ou apenas os velhinhos da Academia daqui (38, mais dois mortos em rodízio) resolveram isso combinando com os 38 velhinhos (restantes) de lá?

É isso, não adianta chiar. Foram muitas viagens, conferências, convescotes, assessores (palavra com muito esse, vamos economizar: aceçores), conselheiros/as e olheiros durante as inúmeras viagens nesses quinze anos de estudos. Natural. Portugal e derivados são países extremamente agradáveis pros nossos velhinhos. E o Brasil é muitíssimo tropical pros galegos (vocês se lembram quando português era chamado de galego? Os americanos, cheios de culpas ancestrais, ainda não tinham inventado o politicamente correto).

Ué, vocês não sabiam pra que servem essas conferências – linguísticas, médicas, geográficas, políticas? Pra marcar outras conferências. Ah, lá em cima citei Castro Alves, o primeiro baiano marqueteiro do país. Bem-sucedido, seguro, poeta emérito e recitador ainda mais, Castro sabia-se. Foi à noite, em frente ao espelho, satisfeito, com razão, pela bela aparência, que ele pronunciou esta frase (ajeitando a aba do chapéu): "Tremei, pais de família!". E não é que os pais tremiam? O homem era phoda!

Já passei, em minha curta existência, por 37 reformas ortográficas e orográficas.  É, mudaram até o nome de algumas montanhas de minha intimidade, embora isso não tivesse afetado o alpinismo social de muitos letristas, a começar pelo fundador da liga principal, a de Letras.

Por natureza, não por ideologia, nunca respeitei nenhuma dessas convenções. Pois convenções são muito convencionais. Só respeito coisas respeitáveis, indubitáveis: tombo de escada, queda da bolsa, escorregão em cocô de cachorro.

Agora, se tem traço, se tem ponto, se tem pesponto, posponto, chapeuzinho, eu faço como fazia o Aurélio, Aurélio vírgula ou Aurélio Cabeleira, nosso companheiro na revista O Cruzeiro. Examinava nossos textos com a maior sem-cerimônia – já era um sábio no ramo – e tascava vírgulas. Uma vez, pegando uma lauda de um colega, na qual o dito não tinha posto nenhuma pontuação, e não por rebeldia, por pura ignorância, Aurélio encheu de vírgulas tudo o que sobrou da página, e decretou: "Taí, rapaz, agora pega essas vírgulas e salpica onde couber".

Mas não se preocupem demais com essas besteiras. Isso não dura. Como nos ensinava Rubem Braga, uns dos dez maiores escritores brasileiros do futuro, quando tínhamos algum problema ao compor uma frase: "Não quebra a cabeça, não. Dá uma voltinha". Agora, me ensina aqui, Rubem: como é que se dá uma voltinha num hífen?

(Millôr Fernandes (Veja) 

Defeitos do texto - Cacofonia

Cacofonia - Qualquer vício de linguagem fonético, geralmente resultado da proximidade não-intencional de palavras com sílabas ou fonemas idênticos ou parecidos (do grego cacos, mau, feio, defeituoso, e fonos, som, voz). As cacofonias compreendem:

· assonância - Repetição de sílabas idênticas em vocábulos próximos: "um novo povo", "balão de São João", "Pude ver, nesta oportunidade, a realidade desta cidade".
· cacófato - Encontro de sílabas que formam nova palavra de sentido ridículo ou obsceno: "É de pôr com a mão", "Tirei da boca dela". Há casos de cacófatos internos ou intravocabulares, em que as sílabas da mesma palavra podem ser lidas de maneira separada de modo a produzir novas formas, inconvenientes: "É mulher que se disputa".

· colisão - Repetição de consoantes que torna difícil ou incômoda a pronúncia: "O trem entrou nos trilhos através da tração das três locomotivas" e "O rato roeu a roupa de renda da rainha do rei da Rússia".

· eco - Repetição de sílabas idênticas, com algum intervalo, de modo a se produzirem indesejáveis rima e ritmo na prosa: "Do fundo do meu coração, nasce esta expressão da minha gratidão" (LUFT, 1971) e "Vicente disse que sente, com freqüência, dor de dente".

· hiato - Seqüência de vogais que dificulta a pronúncia: "Vá à aula" (ALMEIDA, 1999) e "A água refresca a areia à noite".

· parequema - Encontro de sílabas iguais ou muito parecidas, que produz sonoridade desagradável: "Deixa a chave aí", "Essa é uma faca cara" e "Parece que vejo o teto torto".
Como se disse acima, essas ocorrências fonéticas são viciosas porque produzidas involuntariamente. Se o escritor produz esses efeitos sonoros de forma intencional, com objetivos estéticos, o resultado deixa de ser considerado vício. Assim, em "Zuniam as asas azuis", o mesmo efeito sonoro que poderia ser considerado vicioso (colisão), por ser provocado, denomina-se aliteração, recurso de estilo.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Flores pra você que veio me visitar!

Poesia do Cume

No alto daquela serra
Semeei uma roseira
O mato no Cume arde
A rosa no Cume cheira

Quando cai a chuva grossa
A água o Cume desce
O orvalho no Cume brilha
O mato no Cume cresce

Mas logo que a chuva cessa
Ao Cume volta alegria
Pois volta a brilhar depressa
O sol que no Cume ardia

E quando chega o Verão
E tudo no Cume seca
O vento o Cume limpa
E o Cume fica careca

Ao subir a linda serra
Vê-se o Cume aparecendo
Mas começando a descer
O Cume se vai escondendo

Quando cai a chuva fria
Salpicos no Cume caiem
Abelhas no Cume picam
Lagartos do Cume saiem

À hora crepuscular
Tudo no Cume escurece
Pirilampos no Cume brilham
E a lua no Cume aparece


E quando vem o Inverno
A neve no Cume cai
O Cume fica tapado
E ao Cume ninguém vai

Mas a tristeza se acaba
E de novo vem o Verão
O gelo do Cume cai
E todos ao Cume vão

(autor desconhecido) 

Falcão - No alto daquele cúme

No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira

Quando vem a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem
Quando vem a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce
Então quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar denovo
O sol que no cume ardia
 (G# Fm A#m D#) 
No alto daquele cume
Plantei uma roseira
O vento no cume bate
A rosa no cume cheira

Quando vem a chuva fina
Salpicos no cume caem
Formigas no cume entram
Abelhas do cume saem
Quando vem a chuva grossa
A água do cume desce
O barro do cume escorre
O mato no cume cresce
Então quando cessa a chuva
No cume volta a alegria
Pois torna a brilhar denovo
O sol que no cume ardia
 
fonte: http://www.cifraclub.com.br/falcao/no-cume/http://www.cifraclub.com.br/falcao/no-cume/