sexta-feira, 15 de maio de 2009

Lembranças de um Feto

Ei! Psiu! É você mamãe? Preciso falar com você:
Ontem foi meu aniversário. Eu iria completar um mês de vida.
Pensei que você, mamãe, fosse dar-me uma festinha, como todas as mães fazem quando descobrem que estão grávidas.
Eu pensei que você fosse dar ao papai o beijo que gostaria de dar em mim, porém a festinha não foi tão alegre como eu esperava... de fato você foi à farmácia, comprou o meu presente: pena que aquele presente tenha sido tão mórbido! E você... você não chorou nem um pouquinho, por quê mamãe? Por que logo no meu aniversário?
Eu sabia que por alguns meses eu iria estragar sua elegância, porém eu havia prometido a mim mesmo que ficaria apertadinho pra não lhe prejudicar! Eu deixaria pra crescer depois que nascesse para o mundo.
Olha mamãe, eu sabia que em seu ventre a escuridão seria bastante, entretanto mais tarde eu conheceria o brilho do sol e das estrelas e, principalmente, conheceria você e o papai!
Eu também iria ficar mudo por nove meses, contudo mais tarde eu contaria ao mundo a minha felicidade em tê-la como MAMÃE!... Eu conversaria com você quando estivesse triste, faria tudo pra que a alegria brotasse novamente em seu rosto rosto, despontando aquele sorriso que às vezes só você sabe dar! Também faria de tudo pra que a alegria durasse eternamente em você!
Mamãe, eu planejei tanta coisa! Eu queria crescer tanto... e, sendo jovem eu lutaria com todas as forças para que a guerra acabasse e reinasse a paz neste mundo que eu nem conheci!
Eu quis tanto, tanto... nascer! Nascer para plantar a semente da minha existência: muitas rosas para que o perfume embriagasse os homens e as mulheres deixando-os incapazes de fabricar máquinas que matam a si mesmos.
Mamãe, eu queria muita coisa e você não sentiu... você não deixou... você me assassinou!
Engraçado, eu pensei que os pais amassem os filhos ao ponto de dar-lhes a própria vida, contudo com a gente foi diferente: você não me deixou viver a vida que eu começava num tamanho microscópico... Planejei tanto, mamãe! Hoje não posso sonhar nem planejar mais nada, apenas faço parte do mundo daqueles que nunca cheiraram o perfume das rosas... expermentei a dor da morte ainda tão inocente e angelical!
Mamãe, minha esperança é que você tenha se arrependido do que fez para que seu exemplo sirva de ensinamento ao mundo e o mesmo que me ocorreu não aconteça com os meus irmãozinhos que estão por vir!
Apesar de tudo eu a amo e sei que dessa história ficará um pouquinho de mim em você, ainda que um sentimento tardio de arrependimento!
Beijos, querida mamãe!
_____
Fonte: autoria não conhecida

Nenhum comentário: