quarta-feira, 11 de março de 2009

Cordel da Realidade

A excomunhão da vítima

( Miguezim da Princesa )

I

Peço à musa do improviso

Que me dê inspiração,

Ciência e sabedoria,

Inteligência e razão,

Peço que Deus que me proteja

Para falar de uma igreja

Que comete aberração.

II

Pelas fogueiras que arderam

No tempo da Inquisição,

Pelas mulheres queimadas

Sem apelo ou compaixão,

Pensava que o Vaticano

Tinha mudado de plano,

Abolido a excomunhão.

III

Mas o bispo Dom José,

Um homem conservador,

Tratou com impiedade

A vítima de um estuprador,

Massacrada e abusada,

Sofrida e violentada,

Sem futuro e sem amor.

IV

Depois que houve o estupro,

A menina engravidou.

Ela só tem nove anos,

A Justiça autorizou

Que a criança abortasse

Antes que a vida brotasse

Um fruto do desamor.

V

O aborto, já previsto

Na nossa legislação,

Teve o apoio declarado

Do ministro Temporão,

Que é médico bom e zeloso,

E mostrou ser corajoso

Ao enfrentar a questão.

VI

Além de excomungar

O ministro Temporão,

Dom José excomungou

A menina, sem razão,

A mãe, a vó e a tia

E se brincar puniria

Até a quarta geração.

VII

É esquisito que a igreja,

Que tanto prega o perdão,

Resolva excomungar médicos

Que cumpriram sua missão

E num beco sem saída

Livraram uma pobre vida

Do fel da desilusão.

VIII

Mas o mundo está virado

E cheio de desatinos:

Missa virou presepada,

Tem dança até do pepino,

Padre que usa bermuda,

Deixando mulher buchuda

E bolindo com os meninos.

IX

Milhões morrendo de Aids:

É grande a devastação,

Mas a igreja acha bom

Furunfar sem proteção

E o padre prega na missa

Que camisinha na lingüiça

É uma coisa do Cão.

X

E esta quem me contou

Foi Lima do Camarão:

Dom José excomungou

A equipe de plantão,

A família da menina

E o ministro Temporão,

Mas para o estuprador,

Que por certo perdoou,

O arcebispo reservou

A vaga de sacristão.

---

Miguezim de Princesa é poeta popular, paraibano radicado em Brasília.

A excomunhão da vítima

( Miguezim da Princesa )

I

Peço à musa do improviso

Que me dê inspiração,

Ciência e sabedoria,

Inteligência e razão,

Peço que Deus que me proteja

Para falar de uma igreja

Que comete aberração.

II

Pelas fogueiras que arderam

No tempo da Inquisição,

Pelas mulheres queimadas

Sem apelo ou compaixão,

Pensava que o Vaticano

Tinha mudado de plano,

Abolido a excomunhão.

III

Mas o bispo Dom José,

Um homem conservador,

Tratou com impiedade

A vítima de um estuprador,

Massacrada e abusada,

Sofrida e violentada,

Sem futuro e sem amor.

IV

Depois que houve o estupro,

A menina engravidou.

Ela só tem nove anos,

A Justiça autorizou

Que a criança abortasse

Antes que a vida brotasse

Um fruto do desamor.

V

O aborto, já previsto

Na nossa legislação,

Teve o apoio declarado

Do ministro Temporão,

Que é médico bom e zeloso,

E mostrou ser corajoso

Ao enfrentar a questão.

VI

Além de excomungar

O ministro Temporão,

Dom José excomungou

A menina, sem razão,

A mãe, a vó e a tia

E se brincar puniria

Até a quarta geração.

VII

É esquisito que a igreja,

Que tanto prega o perdão,

Resolva excomungar médicos

Que cumpriram sua missão

E num beco sem saída

Livraram uma pobre vida

Do fel da desilusão.

VIII

Mas o mundo está virado

E cheio de desatinos:

Missa virou presepada,

Tem dança até do pepino,

Padre que usa bermuda,

Deixando mulher buchuda

E bolindo com os meninos.

IX

Milhões morrendo de Aids:

É grande a devastação,

Mas a igreja acha bom

Furunfar sem proteção

E o padre prega na missa

Que camisinha na lingüiça

É uma coisa do Cão.

X

E esta quem me contou

Foi Lima do Camarão:

Dom José excomungou

A equipe de plantão,

A família da menina

E o ministro Temporão,

Mas para o estuprador,

Que por certo perdoou,

O arcebispo reservou

A vaga de sacristão.

---

Miguezim de Princesa é poeta popular, paraibano radicado em Brasília.

msg recebida de uma grande amiga.

Um comentário:

Valma Fideles disse...

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) anunciou nesta quinta-feira (12) que ninguém foi excomungado no caso do estupro e do aborto de gêmeos de uma menina de nove anos em Alagoinhas (PE). Na semana passada, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, anunciou a excomunhão dos médicos e da mãe devido ao aborto, mas deixou o padastro da menina, acusado de estuprá-la, de fora da decisão da igreja.

“Na verdade, o arcebispo não excomungou ninguém. Ele anunciou que este tipo de ato traz consigo tal possibilidade e fez isso movido por sua sensibilidade. Às vezes a pena da excomunhão é colocada para chamar a atenção não só da pessoa, mas da comunidade eclesial da gravidade do ato”, afirmou o presidente da entidade, Dom Geraldo Lyrio Rocha.
Segundo Dom Geraldo, uma “excomunhão” não significa uma condenação eterna. Ele afirmou que a intenção é apenas chamar a atenção para um fato. O presidente da CBNBB reclamou que, diante da excomunhão, a gravidade do crime contra a menina acabou sendo esquecida. “Parece que diante da excomunhão se esqueceu de quem cometeu crime”. Ele destacou que é necessária punição ao estuprador, mas não como “vingança”.

O padrastro da menina, que é acusado de estuprar a garota ao longo de três anos e que tinha ficado de fora da excomunhão anunciada pelo arcebispo de Olinda e Recife, pode, agora, estar incluído entre os que estão “fora da comunhão da Igreja”, segundo o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa. Para ele, se o padrasto não tiver um “problema mental” e tinha total consciência do ato, “automaticamente se exclui da comunhão não só com a comunidade, mas também com Deus”.

Dom Dimas recorreu ao código canônico para explicar a possibilidade de a mãe e os médicos não terem sido excomungados. “A questão da excomunhão é carregada de muitas imagens no ideário do nosso povo. Neste caso, várias vezes se falou em regresso à idade média e obscurantismo. O próprio direito canônico prevê em raríssimas ocasiões a excomunhão. O arcebispo não excomungou ninguém, ele apenas lembrou de uma norma que existe dentro do próprio direito canônico”, disse.
O secretário-geral destaca que a igreja considera as circunstâncias atenuantes para todo crime. Segundo ele, a excomunhão depende se o ato aconteceu de forma consciente e livre. Por isso, diz ele, não é possível afirmar que houve a excomunhão da mãe ou mesmo de alguns dos integrantes da equipe médica que realizaram o aborto.

“Não sabemos quem tinha consciência ou não. Posso garantir que a menina não foi excomungada. Tenho quase certeza que a mãe ou pai também não, devido à pressão e ao medo de perder a própria filha. Até mesmo na equipe médica, depende do grau de consciência”, explicou o secretário-geral da CNBB.

fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1040654-5598,00-PARA+CNBB+NINGUEM+FOI+EXCOMUNGADO+EM+CASO+DE+ABORTO+DE+MENINA+DE+ANOS.html, 14/03/2009 às15:21h